Em março desse ano foi publicada na revista Iatreia, de Medellín, um relato de caso que aconteceu na região. O estudo, feito por Nancy Yaneth Angulo-Castañeda e Paula Andrea Castaño-Arias, leva o nome de Loxoscelismo cutáneo: paciente con múltiples picaduras y con contraindicación para sulfas. Reporte de un caso.
Nesse estudo, foi relatado o caso de um paciente jovem adulto, com 27 anos, trabalhador, que buscou ajuda alguns dias após tomar diversas picadas de aranha Loxosceles e filhotes. As autoras nos explicam que “Loxoscelismo é chamado o quadro clínico gerado pela picada da aranha do Loxosceles, que consiste em dois tipos: cutânea e sistêmica. Este aracnídeo tem diferentes espécies que existem em toda a América, inclusive aqui no Brasil. Na Colômbia, as espécies Loxosceles rufipes, Loxosceles rufescens e Loxosceles laeta são conhecidas. Além disso, não há dados epidemiológicos que nos permitam definir com certeza a incidência real desse acidente ou de sua morbidade e mortalidade. Em Antioquia, no ano de 2015, cerca de 4 casos foram notificados; No entanto, em países como a Argentina e o México, é um problema de saúde pública e podem acontecer mais de mil casos por ano”.
Não há ainda um protocolo para esse tipo de quadro, então os tratamentos são considerados experimentais. Foram tentados, nos primeiros 15 dias, diversos tratamentos que são apresentados na literatura como úteis para o caso (colchicina, anti-histamínicos, esteróides, antibióticos, anticoagulantes). Porém, nenhuma resposta positiva foi obtida até que se iniciasse a oxigenoterapia hiperbárica, que parou o aparecimento de novas lesões e melhorou a reepitelização sem a necessidade de intervenções cirúrgicas, com evolução bem sucedida.
No vigésimo segundo dia pós acidente aracnídeo (décimo dia pós hospitalização) foi iniciada a terapia hiperbárica, seguindo o protocolo de 90 minutos a 2,5 atmosfera diariamente. Já a partir da primeira sessão notou-se que a progressão de lesões na pele diminuiu, ou seja, não apareceram novas lesões. Logo notou-se também uma melhora na reepitelização, descartando a necessidade de procedimentos cirúrgicos adicionais.
Assim sendo, o estudo compreendeu, a partir da amostra de um caso, que a terapia hiperbárica pode ser uma grande aliada para lesões complicadas causadas por picadas de aracnídeos venenosos. Como as próprias autoras relataram, há poucos estudos relatando tratamentos efetivos para tais casos. Assim, seria interesse que mais estudos envolvendo o tratamento com a terapia hiperbárica fossem realizados. Ainda assim, é um dado bastante importante.