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Efeitos da oxigenoterapia hiperbárica na resposta imunológica

Os macrófagos, constituem a primeira linha de defesa do organismo e que são responsáveis pela imunidade inespecífica. Os neutrófilos por exemplo, após sua ativação através de contato com material opizonizado, iniciarão o processo de fagocitose através de uma série de enzimas. Ao mesmo tempo, imediatamente, após a ativação, o seu consumo de oxigênio aumentará de 10 a 20 vezes, acima do valor basal. Este fenômeno conhecido como irrupção respiratória é acompanhado da geração de superóxido através de uma enzima da membrana, a NADPHoxidase.

Fonte: HYPERMED¹.

Esquema da ação oxidante de macrófagos polimorfos nucleares, a partir da enzima de membrana NADPHoxidase, que gera uma “avalanche” de radical superóxido a partir do oxigênio molecular.

A importância desta via, na ação antibiótica dos macrófagos, evidencia-se na doença granulomatosa crônica, onde ocorre uma falha genética específica deste sistema enzimático. Os neutrófilos nesses pacientes, embora demonstrem atividade fagocitária aparentemente normal, englobando e digerindo material exógeno, não efetuam o processo de irrupção respiratória.

Portanto, não gerando radicais ativados de O2. O que produz clinicamente uma grave deficiência imunológica. Deficiência semelhante ocorre em hipóxia. A figura abaixo apresenta a capacidade bactericida dos neutrófilos de pacientes normais e com a Doença Granulomatosa Crônica em função da pressão de oxigênio. Observa-se que abaixo de 15mmHg a capacidade antibiótica dos neutrófilos normais é comprometida, e abaixo de 5mmHg, há um distúrbio semelhante ao de pacientes com doença granulomatosa crônica. Este efeito da hipóxia sobre a imunidade inespecífica é tão sensível que se animais permanecerem respirando diferentes concentrações de O2 por vários dias, a proliferação bacteriana, em infecções induzidas experimentalmente, terá um perfil bastante distinto. Na ação de neutrófilos de pacientes normais e de pacientes com Doença Granulomatosa Crônica em várias tensões de oxigênio, a eficiência dos mesmos é medida como a quantidade de bactérias destruídas em 1 hora. Teores muito baixos de O2 ocorrem em tecidos comprometidos por isquemia ou infecção, já que até a proliferação de anaeróbios podem ocorrer nos mesmos.

Lesões em tecidos com deficiência de perfusão são facilmente infectadas, assim, pacientes hipoxémicos ou com traumas graves, também são mais suscetíveis as mesmas. Portanto o considerável aumento dos níveis de O2 em tecidos hipóxicos proporcionada pela hiperoxigenação hiperbárica, tem também uma ação antibiótica indireta, tanto para anaeróbios como para aeróbios, uma vez que aumenta a eficiência de macrófagos em áreas hipóxicas.

Referências

HYPERMED. Efeitos da oxigenoterapia hiperbárica na resposta imunológica. ¹Disponível em: http://www.hypermed.com.br/informacoes/para-medicos/efeitos-da-oxigenoterapia-hiperbarica-na-resposta-imunologica/. Acesso em: 29 nov. 2017.

 

Conceitos básicos da OHB

Introdução

Quando um indivíduo é introduzido no interior de uma câmara com pressão maior que 1 atmosfera (760 mmhg), respirando oxigênio a 100%, podemos afirmar que o mesmo esta recebendo um tratamento de Oxigenação Hiperbárica.

A respiração em 100% de Oxigênio a pressão de 1 atmosfera não constitui Oxigenação Hiperbárica.
Nos últimos três séculos a Oxigenoterapia Hiperbárica já esteve em voga por várias ocasiões, como no momento atual, assim sendo devemos temperar o entusiasmo de hoje como uma dose de análise critica.
Em nosso país, devido à falta de instalação de tal equipamento nos hospitais universitários, não foi possível ter informações adequadas sobre o uso clinico, com as indicações muitas vezes pouco precisas e equivocadas para o método.

Acreditamos que tal fato contribuiu de forma decisiva para o descrédito e desinteresse do assunto no nosso meio.
Após a implantação do Serviço de Medicina Hiperbárica no Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina da UNICAMP ( primeiro hospital civil e universitário a dispor de tal serviço no ano de 1986), inauguramos no Hospital das Clinicas F.M.U.S.P. uma Câmara Hiperbárica tipo monoplace que já no seu primeiro ano de funcionamento foi um sucesso inquestionável, tendo matriculado próximo de 300(trezentos) pacientes nos primeiros dois anos de funcionamento.

A nível mundial a OXIGENAÇÃO HIPERBÁRICA encontra-se bastante difundida: E.U.A. 320centros, ex URSS 1.500, Europa 80, China e Japão 300 centros cada.

Na América temos serviços importantes no Canadá, México, Cuba e Argentina.

Histórico

  • 1662 – Henshaw, na Inglaterra desenvolveu o primeiro uso de uma câmara hiperbárica.
  • 1850 – Desenvolvidas em toda a Europa mais de 50 câmaras hiperbáricas.
  • 1860 – Uso de oxigenoterapia hiperbárica no Canadá .
  • 1878 – Paul Bert descreveu os efeitos convulsivos do oxigênio sob pressão.
  • 1929 – Construído em Cleveland (EUA) câmara para 72 pacientes.
  • 1956 – Uso de oxigenoterapia hiperbárica em cirurgia cardíaca sem circulação extracorpórea.

Autor : Sérgio Vasconcellos Trivellato
Médico formado pela Faculdade de Medicina da universidade Federal de Minas Gerais. (ano 1981).
Assistente da Universidade de Terapia Intensiva do Pronto Socorro do Hospital das Clinicas- Cirurgia do Trauma – Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – Pós graduado nível Doutorado – Faculdade de Medicina Universidade de São Paulo.
Especialista em Medicina Hiperbárica pela Undersea Medical Society. (EUA).

Tipos de Câmaras:

Câmara Monoplace e Câmara Multiplace

A monoplace abriga um paciente em seu interior, não sendo possível a comunicação direta do Staff com doente. Tem a vantagem de ter um custo mais acessível, ocupar menos espaço, fácil manejo e menor números de médicos e paramédicos necessário para seu funcionamento.

A multiplace pode abrigar até 12 pacientes em seu interior de uma só vez, porém é mais cara, ocupa grande espaço físico, maior número de Staff para funcionamento.

Como Funciona:

No Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, seguimos com rigor as recomendações da UNDERSEA MEDICAL SOCIETY and HIPERBARIC OXIGEN THERAPY committee Report, 1983, revisado em 1992.
Oxigênio Hiperbárico pode ser indicado para as seguintes situações:

  • Gangrena gasosa
  • Doença Descompressiva
  • Embolia Gasosa
  • Necrose por Radiação
  • Queimaduras Térmicas
  • Osteomielites
  • Infecção de tecidos moles(aeróbicas e anaeróbicas)
  • Isquemias periféricas agudas com complicações
  • Enxertos e retalhos comprometidos ou alto risco
  • Micoses Refratárias (actinomicoses, aspergiloses)
  • Intoxicação por CO e Cianeto
  • Anemia pós hemorrágica

Como funciona a oxigenação hiperbárica:

 

Efeitos Primários

  • Hiperoxigenação

Efeitos Mecânico devido o aumento da pressão
De acordo com a lei de Boyle – Pv = K ou seja P = 1/V.
O conhecimento deste fato permite a aplicação em situações tais com:

  • Embolia gasosa
  • Doença do mergulhador

Efeitos Primários

  • Hiperoxigenação
  • Pressão Alveolar de Oxigênio pode ser conhecida de seguinte maneira:
    PA = (Pb – Pv) x Fio2 – pac02
    PA – Pressão de Alveolar
    Pv – Pressão de Vapor (Pv nas aéreas é igual a 47 mmhg)
    Pb – Pressão Baromédica (1 atmosfera é igual a 760 mmhg ao nível do mar)
    Fi02 – Fração inspirada de Oxigênio (100%)
    Assim, um paciente submetido a 3 (ATm) atmosfera de pressão:
    PA = ((3×760) – 47) x 100% – 40
    PA = 2.193 mmhg
    O aumento do Oxigênio dissolvido no plasma é 0,3 V% para mais de 6.0 Volume %

Efeitos Secundários

Vasoconstrição 
A exposição ao oxigênio hiperbárico resulta em vasoconstrição generalizada, entretanto a oxigenação tissular é mantida em níveis satisfatório devido ao aumento de O2 dissolvido no plasma. Estudos tem demonstrado que esta vasoconstrição é da ordem de 20%

Aplicação clinica atribuídas a este efeito podemos citar: – Síndrome do esmagamento e Queimados.

Proliferação de Fibroblasto 
Proliferação de fibroblastos, bem como a síntese de colágeno são processos oxigênio dependente. A cicatrização de feridas diminui marcadamente quando a paO2 tissular cai abaixo de 30mmhg.

Neovascularização 
A angiogênese é estimulada pela hipoxia. Período de hipoxia aumenta a atividade fibroblástica.
Assim a hipoxia seguida imediatamente de período de hiperoxia, constata-se um aumento da rede capilar tanto em número como em diâmetro.
Aplicações clínicas para a neovascularização: – Enxertos e retalhos, osteoradionecrose.

Inibição/Inativação de produtos de toxinas 
Oxigenoterapia Hiperbárica tem demonstrado ser eficaz na inibição da produção da Alfa Toxina Clostridial. É também efetivo em inativar toxinas circulantes.
Grande aplicação clínica encontra-se nos casos de Gangrena gasosa .

Sinergismo com os Antibióticos 
Aminoglicosidios e Anfotericina B necessitam em ambiente rico em O2 para transporte através de membranas celulares.

Bases fisiológicas da oxigenação hiperbárica:

  • Ao nível do mar:
    Pressão de 760 mmhg – respiração em ar ambiente – FiO2 = 21%
    Hemoglobina Saturada (Hb%) = 97.5%
    CaO2(conteúdo arterial de oxigênio) = 20 V%
    O2 Dissolvido = 0.3 V%
  • Ao nível do Mar:
    Pressão de 760 mmhg – respiração em O2 a 100%
    Hb% – 100%
    CaO2 = 22 V%
    O2 dissolvido = 2 V%
  • Ambiente de 3 atmosfera de pressão – respiração em 100% O2
    Hb% = 100%
    CaO2 = 26 V%
    O2 dissolvido = 6 V%

A quantidade de oxigênio liberada pela hemoglobina durante a passagem do sangue através da maioria dos tecidos é cerca de 5 – 6 ml/ 100ml de sangue ( 5 a 6 V%),
embora a necessidade de O2 varie dependendo do tipo de célula.

Respirando O2 a 100%, em pressão de 3 atmosfera, aproximadamente 6 ml de O2 por 100 ml de sangue são dissolvidos no plasma, sendo possível dispensar o mecanismo transportador da hemoglobina (Hb), suprimindo assim as necessidades do tecido apenas com o oxigênio dissolvido no plasma.

Efeitos adversos da oxigenação hiperbárica:

Os Principais efeitos indesejáveis da oxigenação hiperbárica ocorrem no sistema nervoso central e aparelho respiratório.
No SNC:

  • Excitabilidade
  • Convulsões

Nos Estados Unidos da América a incidência de convulsões em 28.700 aplicações foi de 1.3/10.000. Na ex URSS analisando 68.000 aplicações a incidência foi 4.7/10.000.
O efeito deletério no sistema nervoso central está diretamente ligado ao tempo de exposição e magnitude da pressão.

No Aparelho Respiratório

  • Dor Retroesternal
  • Tosse Seca
  • Hemorragia em vias aéreas superiores

Os efeitos adversos pulmonares aparecem com pouca freqüência na prática clinica, pois estão ligados a exposição prolongadas ao ambiente hiperóxido, que não usamos rotineiramente.

Contra-Indicações:

Absoluta :

  • Uso de drogas (Doxorrubicin, Dissulfiram, Cis-Platinum, Mafenide
    Acetato)
  • Pneumotórax não tratado

Relativas :

  • Infecção de vias aéreas superiores
  • DPOC com retenção de CO2
  • Hipertermia
  • História de pneumotórax
  • Cirurgia Prévia em Ouvido
  • Esferocitose Congênita
  • Infecção Viral
  • Gravidez

Referências

HYPERMED. Conceitos básicos da ohb. Disponível em: http://www.hypermed.com.br/informacoes/para-medicos/conceitos-basicos-da-ohb/. Acesso em: 29 nov. 2017.