Author Archives: Priscilla Figueiredo

Oxigenoterapia Hiperbárica mais próxima do SUS

Como já falamos aqui, desde o começo desse ano os convênios médicos garantem tratamento de oxigenoterapia hiperbárica para pessoas em situação de pós-radioterapia. Isso por conta de uma regulamentação pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Desde então, esse tratamento está se tornando uma realidade para alguns pacientes do sistema público também, porque muitos já reconhecem os avanços e os impactos positivos na redução de custos em função da aceleração do tratamento, menor tempo de internação, retorno antecipado do paciente ao trabalho e recuperação da qualidade de vida.

Um bom exemplo disso é a Bahia, onde a Secretaria de Estado autorizou a contratação de clínicas hiperbáricas para a oferta da oxigenoterapia na rede pública. Os pacientes de rede pública muitas vezes já faziam uso da terapia, mas sempre mediante a judicialização, essa medida evita esse processo demorado e a agilidade do encaminhamento dos pacientes contribui diretamente para a melhoria dos resultados. Isso porque o início precoce da terapia gera um ganho importante na qualidade da cicatrização, no tempo de alta, na desospitalização antecipada do paciente.

O SUS percebeu que a hiperbárica diminui custos, mas ainda falta a regulamentação para que esteja, de fato, acessível a todos. Existe há algum tempo uma discussão para que a oxigenoterapia hiperbárica seja incluída no rol do atendimento do SUS. Mesmo que só para algumas indicações, inicialmente, mas conforme o benefício financeiro for se mostrando relevante, outras indicações podem surgir. Isso é muito benéfico para o sistema de saúde e para o paciente, porque, como já dissemos, além do resultado financeiro, a recuperação é mais rápida, o que torna a pessoa produtiva num intervalo menor de tempo.

 

 

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Câmara Hiperbárica ajuda bombeiros de SC em resgates

Desde maio desse ano o corpo de bombeiros de Santa Catarina conta com uma câmara hiperbárica para auxiliar nos resgates. O equipamento foi adquirido com recursos do Pacto Santa Catarina, e já é usado pelos Bombeiros Militares. A câmara e seus aparates foram montados dentro de um contêiner, possibilitando assim fácil transporte até as cenas de ocorrência. Isso é inédito no Brasil e se mostra muito importante porque pode auxiliar tanto vítimas quanto os próprios bombeiros que venham a se expor de forma excessiva ao monóxido de carbono em incêndios.

O Comandante-Geral da corporação, coronel BM João Valério Borges diz que o Corpo de Bombeiros Militar da um importante passo na eficiência e qualidade do serviço prestado à população. “Com o treinamento dos Bombeiros Militares para uso do equipamento, conseguimos melhorar ainda mais as possibilidades de cumprir com êxito a missão institucional de salvar vidas, proporcionando um tratamento de primeiro-mundo depois da retirada de uma pessoa de uma cena de incêndio, por exemplo”.

O Tenente-Coronel BM Helton de Souza Zeferino explica que o equipamento também serve para uso em treinamento e seleção de profissionais para a área de mergulho. “O equipamento possibilita a submissão dos profissionais a condições de pressão e de oxigenioterapia adequadas ao restabelecimento das condições físicas e de saúde para atuação em mergulhos, o que representa também um incremento técnico expressivo na área de salvamento aquático”. Esse é um uso comum e pouco conhecido da câmara hiperbárica. Aqui em Campinas, nós da Hypermed fazemos periodicamente testes seletivos para a área de mergulho do corpo de bombeiros, possibilitando avaliar, de forma segura, a saúde do profissional ao se expor a pressões aumentadas.

Com essa aquisição, o corpo de bombeiros de Santa Catarina se torna um exemplo que, esperamos, seja seguido por outros estados. Esse equipamento pode ser decisivo no salvamento de vítimas em um incêndio de grande porte, como foi na boate Kiss, no Rio Grande do Sul. Não havia câmara hiperbárica na cidade, mas se houvesse, diversas pessoas intoxicadas poderiam ter sido salvas com uma submissão imediata ao tratamento.

 

 

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A Oxigenoterapia Hiperbárica No Tratamento De Picadas De Aranha

Em março desse ano foi publicada na revista Iatreia, de Medellín, um relato de caso que aconteceu na região. O estudo, feito por Nancy Yaneth Angulo-Castañeda e Paula Andrea Castaño-Arias, leva o nome de Loxoscelismo cutáneo: paciente con múltiples picaduras y con contraindicación para sulfas. Reporte de un caso.

Nesse estudo, foi relatado o caso de um paciente jovem adulto, com 27 anos, trabalhador, que buscou ajuda alguns dias após tomar diversas picadas de aranha Loxosceles e filhotes. As autoras nos explicam que “Loxoscelismo é chamado o quadro clínico gerado pela picada da aranha do Loxosceles, que consiste em dois tipos: cutânea e sistêmica. Este aracnídeo tem diferentes espécies que existem em toda a América, inclusive aqui no Brasil. Na Colômbia, as espécies Loxosceles rufipes, Loxosceles rufescens e Loxosceles laeta são conhecidas. Além disso, não há dados epidemiológicos que nos permitam definir com certeza a incidência real desse acidente ou de sua morbidade e mortalidade. Em Antioquia, no ano de 2015, cerca de 4 casos foram notificados; No entanto, em países como a Argentina e o México, é um problema de saúde pública e podem acontecer mais de mil casos por ano”.

Não há ainda um protocolo para esse tipo de quadro, então os tratamentos são considerados experimentais. Foram tentados, nos primeiros 15 dias, diversos tratamentos que são apresentados na literatura como úteis para o caso (colchicina, anti-histamínicos, esteróides, antibióticos, anticoagulantes). Porém, nenhuma resposta positiva foi obtida até que se iniciasse a oxigenoterapia hiperbárica, que parou o aparecimento de novas lesões e melhorou a reepitelização sem a necessidade de intervenções cirúrgicas, com evolução bem sucedida.

No vigésimo segundo dia pós acidente aracnídeo (décimo dia pós hospitalização) foi iniciada a terapia hiperbárica, seguindo o protocolo de 90 minutos a 2,5 atmosfera diariamente. Já a partir da primeira sessão notou-se que a progressão de lesões na pele diminuiu, ou seja, não apareceram novas lesões. Logo notou-se também uma melhora na reepitelização, descartando a necessidade de procedimentos cirúrgicos adicionais.

Assim sendo, o estudo compreendeu, a partir da amostra de um caso, que a terapia hiperbárica pode ser uma grande aliada para lesões complicadas causadas por picadas de aracnídeos venenosos. Como as próprias autoras relataram, há poucos estudos relatando tratamentos efetivos para tais casos. Assim, seria interesse que mais estudos envolvendo o tratamento com a terapia hiperbárica fossem realizados. Ainda assim, é um dado bastante importante.

 

 

Para ler o estudo completo, basta clicar aqui.

Gangrena de Fournier: um estudo de revisão de literatura

Nesse ano de 2018 foi publicado na Revista Uniplac um estudo produzido por Marina Felippe, que é basicamente uma revisão de literatura acerca de gangrenas de Fournier. Isso nos é explicitado muito claramente no título do estudo, que se denomina Gangrena de Fournier: revisão de literatura.

A autora logo nos apresente informações sobre o quadro estudado, dizendo que a gangrena de Fournier é uma fasciite necrotizante causada por microorganismos que fazem sinergismo entre si e contribuem, assim, para o alastramento da infecção e necrose na região perineal, acontecendo principalmente em homens. Por suas características, é uma doença de evolução muito rápida e por isso com alta mortalidade caso não seja tratada precocemente. Esse tratamento, que deve ser precoce, envolve antibióticos, debridamento cirúrgico e oxigenoterapia hiperbárica.

Foi por conta da grande mortalidade da doença que Felippe resolveu estudar o que já havia sido publicado sobre o assunto. Para esse estudo foram utilizados livros didáticos dos anos de 2005 e 2016 e artigos científicos de 2007 a 2016.

O que foi encontrado nesses estudos, resumidamente falando, segundo a própria autora, é que “a gangrena de Fournier pode ser causada por afecções cutâneas, abscessos e estenoses uretrais. Ela é polimicrobiana sendo os microorganismos aeróbios Gram negativos mais frequentes a Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, Pseudomonas aeruginosa e Proteus mirabilis. Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermidis, Streptococcus viridans e Streptococcus fecalis estão entre os mais frequentes Gram positivos. As bactérias aeróbicas vão causar uma obstrução vascular no local da infecção por meio da agregação plaquetária e as anaeróbias vão ocluir por meio da síntese de heparinase. As bactérias gram-negativas vão atuar na infecção pela produção de endotoxinas, induzindo a trombose vascular. A doença pode afetar pessoas de todas as idades, porém, tem preferência pelo sexo masculino. Existem fatores de risco para o desenvolvimento da doença como positividade para HIV, diabetes mellitus e alcoolismo.” Sobre o diagnóstico e o tratamento, o estudo apresenta que “o diagnóstico é clínico baseado nos fatores de risco, evolução rápida e quadro clínico sugestivo para a infecção. O tratamento consiste em antibióticos de amplo espectro e desbridamento cirúrgico de emergência associado à oxigenoterapia hiperbárica. Os cuidados locais com a ferida também são importantes”.

Esse estudo se mostra relevante para entendermos aspectos importantes da gangrena de Fournier, compreendendo principalmente é que indispensável um diagnóstico precoce e início do tratamento também o mais precocemente possível, envolvendo os antibióticos, o debridamento e a oxigenoterapia hiperbárica.

Oxigenoterapia Hiperbárica no tratamento de lesão cerebral traumática aguda grave

Atualmente a comunidade médica tem realizado estudos significativos sobre o tratamento de lesão cerebral traumática. Um desses estudos é o apresentado a seguir. Foi publicado esse semestre, na revista Journal of Neurotrauma, com o título de “Hyperbaric Oxygen Therapy in the Treatment of Acute Severe Traumatic Brain Injury: A Systematic Review”. O estudo foi realizado por Samuel Daly, Maxwell Thorpe, Sarah Rockswold, Molly Hubbard, Thomas Bergman, Uzma Samadani e Gaylan Rockswold.

O primeiro dado que eles nos trazem é alarmante, não houve nenhum grande avanço em um quarto de século para o tratamento de traumatismo cranioencefálico grave (TCE). Com isso em mente, eles realizaram a revisão de 40 anos de pesquisa clínica e pré-clínica sobre o tratamento do TCE agudo com a oxigenoterapia hiperbárica. Foram analisados, mais especificamente, trinta estudos (oito clínicos e 22 pré-clínicos) que administraram oxigenoterapia hiperbárica dentro de 30 dias de um TCE. Esses estudos foram encontrados na base de dados PubMed.

E o que os autores encontraram com esse extenso estudo? Viram que os estudos pré-clínicos relataram consistentemente efeitos positivos do tratamento através de uma variedade de medidas de desfecho com quase nenhuma preocupação de segurança ou efeitos colaterais, fornecendo, assim, forte evidência de prova de que o tratamento é efetivo para TCE grave no cenário agudo. Os oito estudos clínicos analisados forneceram evidências de que a terapia hiperbárica melhora significativamente as medidas fisiológicas sem causar toxicidade cerebral ou pulmonar e pode potencialmente melhorar o resultado clínico. Portanto, esses estudos mostraram resultados consistentes, demonstrando que a Oxigenoterapia Hiperbárica tem o potencial para ser o primeiro tratamento significativo na fase aguda do TCE grave.

 

 

O estudo completo pode ser lido aqui, por uma pequena taxa.