Benefícios da Oxigenoterapia para Condroradionecrose de laringe

Um grupo de estudiosos de São Paulo publicou no final de 2017 um artigo na Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões falando sobre os benefícios da oxigenoterapia para a Condroradionecrose de laringe após a radioterapia.

Os autores nos contam que a incidência do câncer de laringe é de mais de 100.000 casos por ano em todo o mundo. No Brasil esse tipo de câncer representa 2% de todos os cânceres, sendo que desses casos, 3.000 anuais levam a óbito. Esse câncer é mais comum em homens entre 50 e 70 anos.

Segundo os autores, “as atuais formas de tratamento para o paciente portador de carcinoma de laringe incluem a cirurgia, a radioterapia e a quimioterapia, associadas ou não. A radioterapia é uma modalidade de tratamento para diversas neoplasias, e pode ser indicada com três finalidades: curativa, paliativa e sintomática, esta última de menor indicação. Quando comparada com a cirurgia, a radioterapia isolada ou associada à quimioterapia, se mostrou eficaz para o tratamento do câncer de laringe em seus estádios iniciais, com sobrevida livre de doença semelhantes, o que deu origem, nos anos 90, ao protocolo de preservação de órgãos que foi muito utilizado, inclusive para os estádios avançados (III e IV) do tumor.

Porém, em especial para o câncer de laringe, a radioterapia provoca danos e complicações em praticamente 100% dos pacientes irradiados, sendo estes maiores ou menores, transitórios ou permanentes, e podem surgir durante a aplicação ou mesmo meses ou anos após o término do tratamento. Assim, a radioterapia isolada ou associada inflige ao tecido peri-laríngeo e laríngeo alterações que ocasionam hipóxia local, diminuem a vascularização e a população celular, com consequente diminuição de produção de colágeno e fibrina, favorecendo o aparecimento de fissuras, fístulas e feridas crônicas que não cicatrizam. Estas alterações se não tratadas e resolvidas ocasionam a perda do órgão, com bronco-aspiração contínua, sendo necessária a cirurgia de resgate, mesmo na ausência de neoplasia”.

Isso, é claro, é motivo de muita preocupação para a classe médica, que por esse motivo se debruça sobre o assunto para encontrar soluções. Uma dessas soluções é o tratamento de oxigenoterapia hiperbárica, que vem aparecendo em estudos como um grande aliado nesse quadro. Os estudos afirmam que a utilização da câmara hiperbárica foi efetiva para manter a laringe funcionante, sendo uma opção para o tratamento da condroradionecrose. Os próprios autores citam outro estudo que aponta que de 16 pacientes submetidos à cirurgia de resgate e que utilizaram oxigenoterapia, 14 foram bem sucedidos e consideraram a oxigenoterapia hiperbárica um aliado poderoso e efetivo para o tratamento das fístulas pós-operatórias. Outros autores ainda, em sua revisão de pacientes com câncer de laringe tratados com radioterapia, propõem o seguimento com tomografia por emissão de pósitrons (PET-CT) para evitar o trauma local e incluem a oxigenoterapia como alternativa não cirúrgica para a preservação da laringe.

 

Por isso nesse estudo os médicos avaliaram pacientes que havia passado por esse quadro e notaram que de 131 pacientes portadores de câncer de laringe, 28 foram submetidos à radio e quimioterapia exclusiva e destes, três evoluíram com condroradionecrose. O tratamento destes pacientes foi realizado com câmara hiperbárica e com desbridamento cirúrgico, conforme proposição do fluxograma. Todos os pacientes tiveram a laringe preservada.

Com isso, eles concluiram que “a incidência de condroradionecrose de laringe por complicação de radioterapia e quimioterapia em nossa casuística foi de 10,7% e o tratamento com oxigenoterapia hiperbárica, com base no nosso fluxograma, foi efetivo no controle desta complicação”.

 

Se você quiser ler o artigo completo, basta clicar no link de referência abaixo:

MELO, Giulianno Molina et al . Condroradionecrose de laringe após radioterapia. Rev. Col. Bras. Cir.,  Rio de Janeiro ,  v. 44, n. 4, p. 374-382,  Aug.  2017 .